quinta-feira, 3 de março de 2011

Batendo, furando, tanto e até


Sentou-se a beira do abismo. Com a visão vertiginosa tinha a sensação de pender de um lado ao outro. Na realidade o que mais pendia era a cabeça, porque tamanho eram os pensamentos. Gigantes que, o corpo, levavam ao transe. Pairava indo e vindo como as ondas lá embaixo. E os tais pensamentos também pareciam-se assim, ora moviam-se lentamente, como se não houvesse vento, ora batiam com força sobre a rocha.
Do transe à realidade, o corpo se acomodou, ajustado ao solo. Abrindo os olhos, lenta e calculadamente deparou-se com o céu onde havia uma unica nuvem cinza escuro
que a fez sentir medo. Olhou-a por instantes seguintes, pensando em correr para não se molhar, mas o corpo parecia preso àquele chão e os olhos hipnotizados por cor tão intensa e sombria.
Num átimo, aquele do seu tempo que parecia horas mais lento que o real, percebeu que o objeto hipnotizante movia-se e aos poucos se dissolvia. O medo dissipou-se junto. O corpo desgrudava-se e pôde dar as costas ao abismo. Foram poucos passos até chamá-la de volta e no seu vagaroso piscar dos olhos transportou-se
novamente ao abismo, acomodando-se ao chão, sendo hipnotizada, tendo medo, retornando ao peso inicial.