sábado, 14 de novembro de 2009

O dia que a vida parou


Hoje distante das palavras, me foge a sincronia dos pensamentos. Vivo a montanha russa de sentimentos, com todo o conjunto de dúvidas e desprazeres que ela envolve. Sinto falta das frases que se formam de maneira súbita. Hoje elas se afastaram. Falta um pedaço em mim. Como se precisasse de alguma coisa para continuar.

Rodeada por pessoas e capaz de estar só. Chove e está frio.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Síncope

Ainda era primavera, assim como todas as outras dos anos anteriores. Para ele, o marasmo era o mesmo. Chegava ao ponto de não perceber mais a diferença entre os dias e as noites. A rotina o absorvera e consumia seus intantes como ondas em grãos de areia. O estorvo da vida o transformara em um cego encalabouçado. Marionete do cotidiano. Já não via vida na vida, pois não conseguia mais dominar os fios que o conduziam. Estava prestes a entregar os pontos e desfazer os pontos. Olhar ao lado era custoso. Sentir era improvável. Entretanto, num insight (duvidoso) percebeu que restava esperança, que muito de sua vida poderia esperançar-se naquele átimo. Piscou, e tudo havia se cintilado, contudo a vida ainda o exasperava. Tinha medo. Era prudente e não se entregava. Menos naquele milésimo de segundo transformado em eternidade. Deixou-se afagar e dedicou-se a cada parte de todas aquelas horas. No beijo, o tempo estagnou-se, esquecera-se de todos os contratempos. Fizeram-se únicos naquela partícula.
Essa paralisia imininentemente volátil durou muitas horas subseqüentes, mas por ser impendente voltou-se à realidade, o que não anulou o tão supremo momento. Guardaram-se em suas histórias.

Ela, enquanto caminhava em pensamentos e devaneiava sobre o sublime e pequenissímo espaço de tempo, colocou-o no mais alto patamar de seus amores, redomou-o para que jamais se dissipasse. A magia estava salva.

Ele, ainda atordoado com as desafetações da vida, não conseguia respirar, estava, sim, em estado de encantamento, mas estonteado, confuso, inquieto. Muita coisa mudara e o passado o assombrava.
A cegueira continha-se e as portas da masmorra abriam-se; havia luz, distante, mas luz. O sorriso já aparecia no canto dos macios e encantados lábios. Havia esperança dentro do esfacelamento existencial.
Substanciou-se a vida, mesmo que num lacônico momento.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Estando


Quando iniciei a caminhada, a passos curtos e continuados, tão frenético era o raciocínio e a vida que conseguia idealizar o que queria, mas não sabia exatamente como seria estar aqui, como seria estar onde tanto quis e tantos querem; há tanto tempo e com tão poucas esperanças. Houve falta de crença em mim mesma.

Hoje andando por acolá percebi que tão pouco havia pensado sobre como é ter conseguido, como é estar aqui. Dias veementes, com luz, mesmo que estes fossem gris. Dias sendo projetados, com esperança. Acertados, hoje, diante de uma lembrança de tempos incertos.

Pensando em que um dia cogitei estar errada por ter desistido de muito em minha vida entendi que só fiz o certo, que não desisti, mas que entreguei o viável para que hoje pudesse estar onde estou. Enfrentando controvérsias de outrem fiz apenas o que achei que deveria fazer. E deu certo. Repito infinitas vezes - Deu certo!

Adiei minha estada aqui em alguns longos anos. Fui imprudente nesse tempo, mas não era o tempo. Apenas queria estar, mas não entendia o significado. Todos esses anos não foram perdidos, foram acumulados de experiências infinitas, distintas. Deu certo! Hoje estou no lugar.

Cheguei a pensar que esses anos atrasados, hoje, fossem me aturdir. Foi um engano, me sinto bem, bem mesmo. Deu .....!

Hoje consigo projetar melhor o que virá pela frente, sem fazer previsões, porque acredito que isso é inconstante, mas há projetos, as esperanças continuam.

Estou em constante estado de apaixonamento, não achei que a Geografia faria isso comigo, pois fez. Paixão diária e se apaixonar todo dia pela mesma coisa é sinal de constância, de que está se transformando em amor. Sem palavras!

Meu prazer em estudar é maior, maior que sempre, excluindo todos aqueles dias dedicados à preguiça e ao estiramento no sofá, mas que fique claro que isso não significa desprazer e sim dias de saco cheio. A paixão continua aqui.

Sim, deu certo, a Geografia me trouxe a tona e as abdicações e escolhas hoje fazem sentido.

Lisa

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Eu calidoscópico


"Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando"...

Tarde senti vontade de escrever, já que há dias não tento. Não que eu já saiba exatamente o que escrever, porque normalmente as palavras me fogem, correm junto com os pensamentos e esvaem-se.
Pois bem, tentando encontrar uma inspiração para meu afugentado momento de devaneio, algo me ocorreu, sem ao menos, no momento, eu ter sentido que isso pudesse virar um texto ou qualquer misturança de frases. Por um instante tive a sensação de estar sendo sempre muito repetitiva, recorrendo sempre aos mesmos assuntos, algo extremamente individual. Dias sendo olhados para o "eu". Reflexibilidade inerente adormecida. Observância desligada. Passividade agressiva. Como se apenas meu mundo fosse o primordial.
Muitas vezes me pego pensando no que sou, como sou, os porquês, todavia, raramente paro para pensar ao redor, falta um pouco de ação em minha humanidade, em minhas teorias. O discurso é lícito, mas é na prática que se realiza.
Quando a natureza me vem aos olhos, o momento de retiro literário me absorve e absolve, me tira do ego. Digo natureza quanto ao conjunto de todas as coisas criadas, o universo.

Transcendência.

Num insultante silêncio de uma claridade noturna dou voltas sobre mim mesma no colchão, os constantes e comuns pensamentos, esse conjunto de reflexões não sistemáticas do homem sobre suas experiências como ser social me impacientam. Sinto vontade de escrever, retirar todos eles de minha cabeça; o pensamento dói. Se agisse pararia de pensar tão frenéticamente. De certa forma escrever é agir, retira de mim o peso, destranco idéias, assim posso rever e saber o que já foi pensado, o que devo fazer, sem mergulhar em preguiça e desanimo, em passividade.

Assim, hoje me sinto aliviada. Hoje posso caminhar sem cãibras, sem dores neurálgicas. Leve, leve. Hoje posso começar a pensar de novo, com calma, com afinco...Que meu eu esteja apenas ao lado e não no centro. Que mais pensamentos me venham e que eu possa fazer deles meus eternos companheiros de noites claras e dias escuros, de dias inconstantes e de noites atípicas e de todos os dias e noites que são normais.

Lisa


quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Psicodelia


"Muito cedo na minha vida ficou tarde demais. Quando tinha dezoito anos já era tarde demais. Entre dezoito e vinte cinco meu rosto tomou uma direção imprevista (...)"


Insistentes e constantes pensamentos aferroando impiedosamente
Com medo, abro a porta
Se deixar entrar, sofro
Se trancar, inquieto-me
Tudo incerto, pungente.
Desgastante
Há tempos faltam palavras
Fogem
Gritos sem voz
Dores sem dor
Passos sem rumo
E esses pensamentos, sem ordem
Idéias?! Aaah, idéias...sem sentido
Pra onde ir? Buscar esse sentido?
Desacorrentar o mundo?
Para todo esse desdém:
Meu orgulho!
De tudo o que vivi, de tudo o que aprendi. Ele me trouxe aqui.
Para a sobrançaria da vida:
Meu sorriso, meu aperto de mão, mas devo dizer que já vou indo
Nas palavras mudas que falamos fica apenas o adeus
Adeus àquilo que ja devia ter partido, tudo aquilo que quis me impedir de estar aqui.
Hoje tento ver cores que ainda são brancas, pálidas, mas hão de se colorir
Multi cores, que circulam, que se misturam...furtando cores!
Adeus, ja vou indo, sem mais voltar
É para esse outro lado que vou

Para esse desalinho:
Aviso, mais uma vez, que ja vou indo
Adeus!

Lisa

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Hoje


Dia de flores! Das mais variadas. Cartões com desejos sinceros. Campainhia que toca desde bem cedo. Telefonemas que vem de diferentes lugares. Ao me levantar, sorrisos, porque hoje é seu dia. Dou-lhe um abraço e um beijo, porque ela merece, claro que bem mais do que isso, mas é pra começar.
Levanta e coloca a melhor roupa, os colares e os anéis. Não esquece do perfume, do batom e do pó de arroz.
Preparações desde cedo. É dia de festa. E soa a campainhia, mais flores.
Todos já estão em casa, filhos e netos.
E sua alegria segue por todo o dia. Nesse, mais que nos outros.
Primeiro pedaço do bolo é sempre seu, porque, assim como criança, a ponta é a melhor, cheia de glacê. Brigadeiros rouba como diversão da festa. O dedinho marcado no bolo também define seu momento lúdico.
Com música, dança e conversas ao redor da mesa termina o seu dia, aquele que sem dúvida é o seu predileto, (quase) todos estão presentes e muitos presentes.

E assim foram todos os dias de hoje, menos hoje, porque ela não está mais aqui.
Dia alegre pelas incríveis lembranças e triste por não poder ter mais esse momento. Triste pela saudade imensurável que sinto e feliz por ter sido uma grande presença em minha vida. Triste por não estar aqui no meu grande momento, feliz pelo prazer de ter sido sua neta.

Lisa

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Só porque hoje lembrei

Chegou e ficou. Parou por um instante, se afastou, mandei embora, mas voltou. Quando vai quero que volte, contudo, perto não suporto a presença. Cobranças, inconstância, medo, atitudes descabidas...Perto demais tudo se torna insuportável. Analisável com lupa.
Sem dúvida, gratidão por tudo. Sim, saudade. Não, não entendo mais nada.
Amor? Grande coração? Conveniência? Teatro? Talvez tudo junto e misturado.
Muitas vezes nem lembro, outras vira um caos o pensamento. Crueldade.
Marcou, ainda não passou, vai passar? Não entenderei, jamais, o motivo de tudo, só aceito.

Esqueço, fico bem, de repente notícias, lembranças...Tudo novamente.

Haja o que houver, seja o grande mistério que foi: Ficará na minha história e vou contá-la, sem cansar de repeti-la.

Lisa

quinta-feira, 9 de julho de 2009

“Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.” (Clarice Lispector)

Passageira de algum trem

Hoje é um daqueles dias em que acordo já desbaratinada (termo que minha Vó usava e que me é muito útil, pois remete exatamente a uma barata tonta! rs). Sem saber o que fazer, fico andando de um lado para o outro: abro a geladeira (engordo), coço a cabeça, assisto tv, volto a geladeira (engordo mais um pouco), faço tricô, vou ao quintal, entro em casa de novo, ando pelo corredor e chego ao quarto, olho ao redor... e por fim acabo aqui escrevendo. Única maneira de me acalmar - escrever. Todas as ânsias devem ser colocadas pra fora nesse momento, porque caso contrário, eu engasgo.
Na verdade não sei exatamente porque acordo assim ou venho a me tornar assim ao longo do dia, SÓ SEI QUE ACONTECE. Mulher é assim, fazer o que!!!!
Todas as tristezas, saudades, angústias e medos vem à tona e se misturam. O pensamento fica um caos. Me sinto o próprio trânsito da marginal Tiête às 18h00 em véspera de feriado. Então imagina como me sinto nesses penosos dias!
Só acho uma maneira bem chata de começar as férias e a escrever no meu blog, mas é que a inspiração veio e aí não tem jeito, é só o que consigo dizer.
Tenho mais uma comparação boa para o como me sinto hoje: Um carrinho tromba-tromba de parque de diverão, quando você pensa que está andando ele bate e volta e o motorista fica tonto...hahahahaha. Essa sou eu nesse exato momento.
Como diria minha amiga Maricota: "Nossa Lisa, como você é depressiva, né?!". Isso é que ela não me viu acordar como hoje...hahahaha.
Pensando bem, estar assim não é de um todo mal, ficar um pouco introspectiva é uma boa maneira de organizar minhas idéias, moldar defeitos e consertar o caráter.
Assim vou seguir esse restinho de dia, que afinal ja está quase terminando, e aguardar o próximo desejando que ele seja mais produtivo.
Minha inspiração de hoje foi meu querido Nando Reis, logo, quero terminar minha primeira postagem com um trecho de uma música sua. Viva os grandes pensamentos de Nando!!!!
"Triste é não chorar Sim, eu também chorei E não, não há nenhum remédio Pra curar essa dor Que ainda não passou Mas vai passar! A dor que nos machucou E não, não há nenhum relógio pra fazer voltar... O tempo voa!
Eu não suporto ver você sofrer Não gosto de fazer ninguém querer se abster do passado E o que passou, passou E o que marcou, ficou Se diferente eu fosse será que eu teria sido amado Por você, por você." (Ainda não passou - Nando Reis)
Lisa